Comida para pensar |
Escrito por Fernando Gabeira - O Estado de S.Paulo |
Sex, 06 de Janeiro de 2012 00:00 |
Dia 1.º um brasileiro, José Graziano, assumiu a direção da FAO, prometendo, como não podia deixar de ser, buscar soluções para as dificuldades alimentares globais.
Mas a FAO precisa de financiamento e os grandes doadores, como os EUA, estão se retraindo, em parte porque houve muitos casos de mau uso do dinheiro. O Itamaraty, na preparação da Rio+20, formulou a seguinte pergunta: que novos instrumentos podem ser propostos para que o planeta avance no desenvolvimento sustentável? A renovação de um instrumento já existente, como a FAO, pode ser uma resposta.
O Brasil ocupa a direção, é um dos maiores produtores do mundo, sediará uma conferência internacional e tem como objetivo n.º 1 de governo reduzir a miséria. Equacionar a produção de alimentos com a preservação ambiental e erradicação da miséria poderia ser um dos pratos de resistência no debate planetário de 2012. Inegavelmente, o mercado propiciou um grande salto na produção, mas sozinho não resolve o problema. Quanto mais valor se agrega à comida, mais distante ela fica de mercados como Bangladesh ou Etiópia.
Se os ganhos com a alta de alimentos transferem renda para os grandes produtores, eles podem ricochetear nos consumidores internos ou mesmo derrubar governos que não podem mais pagar os subsídios. Sem arriscar profecias: a alta dos alimentos, tão presente em 2011, é do tipo que não festeja o réveillon, pois se move num tempo mais elástico do que a simples virada do ano.
Fonte: O Estado de São Paulo
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